26 julho 2007

Férias

Se o cansaço matasse, eu já teria caído para o lado.
Amigos, vou de férias, FINALMENTEEEEEEE.

Peço desculpa pela pouca atenção que vos tenho dado mas, não está fácil.

BEIJOS GRANDES A TODOS

P.S.
Volto em finais de Agosto. Mas vou tentar dar notícias

16 julho 2007

Dança de prazer


Já a meio a garrafa repousava no frappé e ao lado também a meio, um copo. Sentada, fixava a parede. Respirava suavemente e nos lábios um esgar anunciava que algo iria acontecer. No ar ecoava baixinho Leonard Cohen, “Dance me to the end of love”.

Levantou-se e um longo vestido branco cobriu-a deixando adivinhar um belo corpo. Avançou, ao primeiro passo uma singela racha lateral mostrou umas pernas bem torneadas, fortes e ao mesmo tempo delicadas. Ao fim de 3 passos lá estava ela, a meio da sala, a cadeira, ali se devia sentar. Ao invés, ignorou-a e seguiu até à parede do fundo. Defronte da mesma abriu os braços, levantou-os, encostou a palma das mãos à parede como se de um grande abraço se tratasse.

O tom castanho dourado das suas mãos sobre o amarelo da parede, deixavam na boca um sabor a terra, a África. Iniciou com as ancas uma dança composta por pequenos movimentos lentos, laterais e circulares, seguidos de pequenos flectir de pernas que transpiravam sensualidade. A música que agora ouvia, vinha de dentro de si.

O peso do calor era visível através dos caminhos deixados pelas gotas de suor. Do proeminente decote, umas costas brilhavam e pela forma como oscilavam, adivinhava-se o movimento do corpo. Baixou o braço e com ele uma alça caiu. Ao virar-se, um peito hirto balançou sem se quebrar. Com a graciosidade de uma pena outro braço pousou sobre a anca e uma mão, através de um bolso trespassou o vestido.

Dos lábios entreabertos saia o pecado, dos olhos a solidão, da rigidez dos seios o prazer e dela, a mulher. Os movimentos tornaram-se mais frenéticos e outra mão pousou sobre os seios. Pela forma como ambas se mexiam, uma calma e cuidadosa enquanto a outra ora louca, ora em sintonia com a 1ª percebia-se que o diálogo entre ambas era intenso, sentido, louco, carnal. O intervalo era feito com a ida de um dedo à boca, dando assim a oportunidade à língua de o percorrer, finalizando com um pequeno e suave toque na ponta. Pelo caracol que esta fazia, entendia-se que a dança estava no auge.

Os lábios já se entreabriam um pouco mais, para deixar sair as notas que vinham da pauta, cujo maestro eram os dedos. De repente, fez-se silêncio, os joelhos chocaram-se, os dedos dos pés subiram e espreitaram, a cabeça recostou-se à parede, uma mecha de cabelo caiu-lhe em desalinho sobre a face e um engolir em seco brotou da garganta.

Os primeiros passos foram trémulos. Com a mesma elegância inicial dirigiu-se para a poltrona. Sentou-se, agarrou no copo e matou a sede ao corpo. Uma brisa passava pela janela proveniente dos ramos da palmeira que dava sombra ao jardim. Respirou profundamente, olhou para aquela mão de prazer e deixou-se adormecer com um sorriso pela versão que ouvia, cantada por Celine Dion.

..."Oh baby what you've done to me
you make me feel so good inside
and I, just wanna be close to you
because you make me feel so alive
oh what you've done to me
close to you because you make feel so alive
You make me feel
You make me feel
You make me feel
Like a natural woman..."

09 julho 2007

Viaja em mim


Viaja em mim, como se o meu corpo fizesse parte do teu.
Faz dos teus dedos um barco e navega nos meus cabelos
suavemente, eu sentirei o teu doce toque e não te detenhas.
Minha face completa a tua, nela está o teu lado feminino,
encontra-te comigo nos meus olhos e espelha-te.
Sente o teu cheiro através de mim, roça os meus lábios e
prova o teu adocicado sabor.

Encosta a tua cabeça no meu pescoço, sente a tua força,
pousa-a no meu ombro, fecha os olhos, descansa em mim.
Apraz-te em meus seios que neles está maciez do teu peito.
Em silêncio, pernoita-te no meu ventre.
Enquanto te sentes, escorrega brandamente pelas minhas curvas,
elas são a tua viagem, o delicado suporte do teu tronco,
o meu apoio em ti.

Percorre as minhas pernas, elas são as hastes do teu compasso,
Dança com meus pés, vira-me suavemente, sobe o teu olhar,
Deixa-o cair sobre as minhas costas e vê a delicadeza das tuas.
Deita-te sobre mim, meu corpo suporta e completa o teu.
Vê como é belo o encaixe das minhas nádegas em teu ventre,
enquanto afasto as hastes do teu compasso, para que tu,
sem mais delongas, me toques e sintas como é bela a tua música,
através do meu vibrar.

(Viaja assim em mim enquanto estás longe)

03 julho 2007

Conversa entre sentimentos


Estava instalada a confusão naquele canto tão bem arrumadinho a que todos chamavam de coração. Nunca tal se tinha visto. Aquele que batia forte e que em estado de euforia cantava a sete ventos, estava agora de monco caído, taciturno a tal ponto que mal se ouvia o seu bater.

Já não falava às rosas e as orquídeas que em certas ocasiões tinham bastante saída, estavam guardadas a um canto à espera que uma gota lhes alimentasse a sede. O riso e o sorriso cochichavam entre si, a gargalhada mal falava e o suspiro passou a ser o rei da melancolia.

O assombro era geral. Ninguém percebia como é que a Atracção se apaixonou pela Paixão e esta se enamorou pelo Amor, sem que este nada fizesse para que isso acontecesse.

Pensativo andava o Amor tentando deslindar tudo isto pois, quieto que estava no seu canto, jamais pensou, que de tamanha quietude, pudesse resultar por parte da outra, um sentimento tão forte. Foi durante este processo que concluiu que nada tinha feito. Não tinha dado o primeiro passo, nem empurrado, nem sequer estado presente. Portanto, o enamoramento da paixão por si, foi uma obra unilateral.

Como pôde então a Paixão, alimentar tamanho sentimento estando o Amor ausente?

Sentada no seu canto, ria-se a Atracção enquanto dizia para o Enamoramento:

- Morto está o Amor de tanto pensar, que se esqueceu que as memórias da amizade, alimentaram a Paixão, a ponto de colmatar a ausência.

-Naaaaaaa!!!!!! (retorquiu o Enamoramento), ele esteve presente, mas é perito na arte do esquecimento. Ainda ontem falava eu com a Amizade e ela foi clara no que disse, “tudo começou comigo, na altura preocupei-me em dar-lhes a base para algo duradoiro. Pensei que isso era o necessário. Sempre achei que ela (a Paixão) não evoluiria mais. Enganei-me.”

- Hum... (exclamou a Atracção pensativa), enganou-se e bem. Tudo evolui. A Paixão não se apercebeu mas durante a sua amizade por mim, conheceu-te e agora que ninguém nos oiça, ela nas noites difíceis de tudo, teve sempre a Amizade a seu lado. Posso então concluir que, foi mais ou menos entre a Solidão, o Choro e o Riso que a luz se acendeu.
O Amor só soube depois. Coitado, foi apanhado tão de surpresa que não sabe o que fazer. Não sei porquê, mas algo me diz que ainda vamos ser culpados de tudo isto. Nunca percebi porque temos de estar metidos nestas alhadas.

- Chiuuuuuu, cala-te que ela aí vem. Não olhes, está com má cara. Ontem deve ter sido uma daquelas noites de clinex e pelo andar da menina, foi uma rave e peras.

Completamente extenuada, a Paixão sentou-se perante ambos e antes de ser bombardeada com perguntas disse:

- Falamos. Melhor, falei eu e ele ouviu calado. Expliquei que aconteceu, que nenhum de nós nem de Vocês teve culpa, que mesmo ausente, sentia a sua presença em cada canto, que fui às gavetas da Amizade (sem ela saber) e de lá retirei tudo o que precisava para matar a Saudade e que, nos poucos momentos em que Ele esteve presente, fui inconscientemente arrumando a casa. Pedi-lhe que nada fizesse, que continuasse a ser o mesmo, pois foi assim que o conheci.

Quase em coro a Atracção e o Enamoramento perguntaram: "vais devolver a Amizade???"
- Não, ambos concordamos que isso é a base de tudo, ela poderá ficar um pouco sensível mas teremos cuidado para não a melindrar.

- Hum...vocês conheceram-se há pouco tempo. Daqui por uns tempos, quando Ele para além da amiga vir a mulher eu visito-o novamente (disse a Atracção).
- Tchiiiiii, não te ponhas com visitas longas. Dá espaço, muito espaço que eu também lá quero ir molhar o bico (finalizou o Enamoramento).

- Deixem andar, não se metam em alhadas, eu cá me arranjo.