07 março 2009

Calada

Na calada da noite vagueava calada sem rumo trazendo no rosto um olhar calado e sem brilho que era o prenúncio calado, da alma triste.
Calada parada estava, olhando o norte, à espera da tempestade que calada teimava em não vir, mas já há muito esperada no calado coração que teimava em fazer-se sentir.

Calada estava, Calada, à espera que a gota caísse calada, para não acordar aquelas que caladas espreitavam pela janela, sem sequer ouvir o calado vento que passava, mas que Calada sentia roçar no seu rosto pálido, fazendo abanar o seu corpo franzino.

Calada estava a noite que no seu céu não deixou brilhar a mais pequena estrela, que ao longe calada se queria mostrar. Assim permaneceu Calada, horas e horas tentando perceber o que se passava.


Retrocedeu os mesmos passos que antes dera para ali chegar e sentou-se no chão da varanda ao lado da cadeira ocupada pela cadela, que calada também estava. Levantou-se mansamente, desceu, aninhou-se no colo de Calada e antes de pousar a cabeça, lambeu-lhe o rosto e retirou as gotas do esforço dispendido para ali chegar. Olhou-a fixamente, soltou um uivo que quebrou o calado silêncio. Calada encheu o peito de ar e deixou escapar um suspiro que na calada da noite se juntou em coro ao uivo que teimou em quebrar o calado silêncio. Calada assim ficou.

Assim ando Eu por estas bandas, calada, quebrando o silêncio de vez em quando com um uivo, expresso num pequeno texto.