24 junho 2006

Dar Incondicionalmente...

Não é uma crítica, nem um comentário. É somente uma constatação de factos. Estou consciente de que é algo raro. De que o ser humano na sua maioria perdeu estas qualidades. Não posso, nem devo afirmar que hoje em dia não se sabe “DAR”. Não, isso todos o fazem de certa forma.
- Existem os que dão porque estão à espera de algo em troca;
- Os que dão porque são bondosos;
- Os que dão porque foram educados para o fazer;
- Os que dão porque mais tarde nunca se sabe;
- Os que dão porque é uma forma de conquista;
- Os que dão para se redimir;
- Os que dão e depois desistem porque acham que deram muito (como se isso fosse quantificável);
- E, os que dão incondicionalmente;

Dar incondicionalmente é quase um estado de alma. É uma forma de estar na vida que confunde os demais. Basta pensar que quem recebe formula logo a questão: Porquê? Não existe porquê. Não é uma defesa, antes pelo contrário quem dá desta forma não precisa de se defender de nada. Quem faz disso uma forma natural de estar na vida, tem as portas sempre abertas mas, para tal, teve que quebrar barreiras, tabus, morrer e voltar a viver.
É algo que não se cultiva, é uma necessidade. Não pode viver à espera de ser retribuído porque isso não acontece. O ser humano é perito em receber. Tem necessidade disso. É esse receber que alimenta o seu ego, que aumenta a sua auto-estima, que o faz seguir em frente.

Quem dá incondicionalmente, raramente ouve o que quer ou, recebe na mesma moeda. Também não está à espera que aconteça mas, se porventura essa cena subir ao palco, sente-se a estrela mais completa e recebe esse gesto como se fosse, a maior prenda jamais ofertada e faz disso o seu alimento para mais uma caminhada.
Quem vive nesse estado, vive em parte só e precisa de sentir que aqueles que fazem parte do seu mundo estão bem. É um ser como outro qualquer cheio de defeitos e qualidades.

Dar: - Não pressupõe dor mas, trás dor ao “incondicional”;
- Não trás amor, trás dor de amar;
- Não trás gostar, Vive-se a gostar;
- Não trás partilha, Vive-se a partilhar;
- Não trás um mundo novo, vive-se no que se tem, etc, etc, etc.

É um estado de alma em que nada gira à volta do umbigo mas, aceita que o mundo gire à volta do umbigo dos que o rodeiam.
É um estado de alma que por vezes cansa e apetece dizer BASTA. Às vezes di-lo de uma forma definitiva noutras, quando o faz, revolta-se consigo mesmo pois, caí em sí e vê que os que o rodeiam, deixam de estar bem.
É um estado de alma que rapidamente transforma gostar em amar e aí, sofre. Sofre porque nem todos estão disponíveis para receber. Sofre porque não consegue explicar que não quer que lhe retribuam mas sim que recebam. Quer dar pelo puro prazer de dar.

Dar incondicionalmente é respeitar o outro a ponto de incentiva-lo a ser feliz e refugiar-se depois no seu mundo (todos temos um), para por vezes ser "infeliz". É saber que tentar, não pressupõe conseguir.
Quem vive assim, tal como disse, também tem defeitos, por vezes é egoísta, também cria barreiras para não se magoar, também tem capas, neuras, por vezes inveja, etc. Basta que seja humano.

Aprende a ouvir, a incentivar, ma não se anula em prol dos outros, nunca deixa de gostar de si mesmo porque para viver assim, tem de se conhecer bem a si mesmo. Tem que ter consciência das suas fraquezas, defeitos, problemas para que possa estar bem consigo mesmo.

Como ser humano que é, sabe que no fundo no fundo, também ele quer ser amado, ouvido, abraçado, em suma quer sentir que é feliz porque alguém lhe viu a alma. Pois, feliz já ele tenta ser no dia a dia quando dá.

Dar incondicionalmente, não faz daquele que assim vive um bicho em vias de extinção, um bicho raro ou um ser especial. Faz dele sim, mais um deste mundo. Faz dele alguém diferente porque todos somos diferentes e de certa forma iguais. Faz dele alguém que também pertence aos mundo do “e se?”. Alguém que tenta fazer o tempo ter tempo para dar, nem que para isso tenha que, por segundos fazê-lo parar.

Dizem os psicólogos que quem vive assim, vive por opção para não enfrentar os seus problemas, vivendo a vida dos outros. Que por norma refugia-se no trabalho porque não tem vida social, etc.

Discordo, com todo o devido respeito que tenho por estes senhores, quem vive assim tal como qualquer outro ser humano, acaba sempre por enfrentar os seus problemas, não vive a vida dos outros porque ao faze-lo está a anular-se como pessoa, tem vida social porque tal como os outros, tem amigos e pergunto: quem não se refugia no trabalho de vez em quando por este ou aquele motivo?

Estender a mão, abrir os braços, sorrir, conquistar, respeitar, chorar, partilhar a dor, ser palhaço, ser estúpido, aparvalhar, aguardar o momento próprio, dizer gosto de ti, saber dizer basta quando assim é preciso, respeitar o silêncio dos outros, calar, abóborar, cantar, etc… Todos conseguimos estes actos, está dentro de nós, nuns mais do que noutros mas, esta lá.

Quem dá incondicionalmente, utiliza tudo isso e mais para que alguém ao seu lado seja feliz e muitas vezes, no meio da sua “infelicidade”, “solidão” e problemas, ainda consegue dizer: Amo-te. Aí sim, faz a diferença.

Desta vez, não acabo com "Rest my case" digo antes: é um estado de alma, é uma conquista constante, é aceitar os outros tal como são. Só o aceita e concorda quem quiser pois tem esse direito.

21 junho 2006

Paguemos a nossa educação Cívica...

"Os banhistas que entrem no mar com bandeira vermelha arriscam-se a pagar uma multa de acordo com as novas regras para esta época balnear, que começa a 01 de Junho, disse à agência Lusa fonte governamental."
"As novas regras foram aprovadas em conselho de ministros há duas semanas «para entrar em vigor já nesta época balnear», declarou o secretário de Estado da Defesa, Lobo Antunes."
"O diploma enumera várias ilicitudes que podem ser cometidas por banhistas, concessionários das praias e nadadores-salvadores, a quem podem ser aplicadas coimas que vão de 55 a 1.000 euros. O novo diploma, que vai ser publicado em Diário da Republica nas próximas semanas, define cerca de 20 infracções em zonas balneares e praias fluviais que são sujeitas à aplicação de coimas."
«Para os banhistas a principal ilicitude é o desrespeito pela sinalética na praia, nomeadamente as bandeiras, ou as indicações do nadador salvador», afirmou o secretário de Estado da Defesa. (Eu adorava saber onde é que este senhor vai a banhos? Será que é cá em Portugal? Educar sim mas, com calma e sem ir ao bolso)
"Quem entrar no mar com bandeira vermelha (que proíbe a entrada na água) e quem nadar com bandeira amarela (que permite a entrada na água mas proíbe nadar) vai pagar pelo menos 55 euros de multa."
(E quem é que passa a multa? Também a polícia marítima? A classe feminina pretende saber como vai ser a farda. Deixo a sugestão: Masculino: tanginha - Feminino: contrate a menina da bilha de gás em biquini para o povo pagar com prazer? Espero que o Sr Secretário, utilize o canal de TV público para alertar a população desta sua medida...)
Por outro lado, quem utilizar material de desporto náutico, como motas de água, fora das zonas permitidas pela lei também fica sujeito a uma multa a cobrar pela polícia marítima. (Permita-me Sr Secretário ser um pouco ignorante mas, o pessoal do Surf que, bom bom é mesmo com bandeira vermelha o que lhes acontece? Perdoe-me os meus amigos desta modalidade...). «As motas de água junto a pessoas que tomam banho é um perigo que tem de ser punido. O novo diploma vai, por isso, trazer mais segurança a quem frequenta as praias», afirmou Lobo Antunes. (Concordo)

Além dos banhistas, as novas regras aplicam-se aos nadadores-salvadores e aos concessionários das praias (normalmente os proprietários de restaurantes e bares que, para obterem licença, pagam ao nadador salvador e suportam os custos das infra-estruturas de apoio à praia). (LOL, eu pago para ver. Por acaso esta a pensar em subsidiar parte do equipamento necessário, para que os mesmo prestem um serviço digno e nós nos sintamos seguros? ou é salve-se quem puder? É que espero que saiba que estas pessoas vivem deste negócio sazonal... Ou por acaso, está a incentivar o suborno neste país... Pois, se calhar sai mais barato... )

Para os nadadores-salvadores, as multas vão ser aplicadas aos que não estiverem nos locais e horas para que foram contratados, os que se afastarem da área de socorro, os que tiverem comportamentos negligentes nas zonas de banhos e os que não cumprirem as instruções sobre o estado do mar fornecidas pela autoridade marítima. (Desculpe lá Sr Secretário, mas WC, almoço não vão? Ah! percebi. O horário é afixado no poste onde o mitra trabalha. Mas, E o belo do engate que é tradição? Hein!!! Ok Sr Ministro, é assim que quer tudo bem. Vamos passar a fingir uns afogamentos assim ganha-se umas respirações... e tudo no cumprimento do dever. Não nos deixa alternativa, senão estragar as estatísticas este verão... )
Os concessionários das praias também podem ser multados se procederem à abertura ou encerramento da zona balnear antes ou depois do período que foram autorizados, se usarem as infra-estruturas para fins diferentes do acordado e se tiverem a vistoria necessária para a abertura da zona balnear. (CARAMBAAA!!!! Por acaso o Sr sabe a importância que tem uma festa na praia? Sabe que está a incentivar a condução em estado de embriaguez? Essas festas e festivais, são o expoente máximo da prevenção rodoviária...SLOGAN: "Se beber durma na praia" - Ou o objectivo aqui é diminuir a natalidade?)

«As multas vão dos 55 aos mil euros, variando consoante quem pratica a ilicitude e se a infracção é um acto repetido», afirmou o secretário de Estado, salientando que o novo diploma constitui «um passo importante» para a segurança nas praias.
"O novo diploma reúne num só documento legislação que estava dispersa e que, segundo o secretário de Estado, chegava a ser contraditória."
«É importante que fique bem claro a responsabilidade de cada um na praia e de quem aplica as multas [a polícia marítima nas zonas balneares]», especificou. - Retirado de: Diário Digital / Lusa
Sr Secretário de Estado, se por acaso já não sabe o que fazer para ir buscar mais uns tostões, cá ficam umas ideias reunidas por alguns amigos meus que passo a citar:
- Bigode à futebolista dos anos oitenta (200 a 2000 euros);
- Coçar os genitais em público (150 a 1500 euros);
- Uso de óculos de sol em discotecas e restaurantes (500 a 5000 euros);
- Utilização das expressões prontos, portantos, stander de automóves etc... (140 a 1400 euros);
- Uso de sandália com peúga (300 a 3000 euros);
- Troca de saliva e herpes em via pública (1000 a 3000 euros);
Como diz alguém de quem gosto muito: "É justo..."
Aguardamos a publicação destas ideias em DR.
Rest my case

04 junho 2006

Comunicação Social "Sob o signo da verdade"


Para quem não viu, cá fica o narcisismo da capa e registo. Há tempos cheguei a casa e consegui atingir um objectivo, ver TV. Tive a sorte de assistir ao "Prós e Contras" moderado pela picante Judite Sousa. De um lado estava o Prof Dr Manuel Maria Carrilho que levou consigo Emídio Rangel e na mesa em frente o dignissimo Dr Pacheco Pereira e o Jornalista Ricardo Costa (SIC). O debate baseou-se no livro lançado pelo Dr M. Carrilho denominado: "Manuel Maria Carrilho, sob o signo da verdade." Um programa com intervenientes de peso.

Pelos vistos, o livro de Carrilho é uma bomba para a Comunicação Social pois o mesmo, levanta questões sobre a credibilidade e idoneidade das agencias de notícias e dos jornalistas. A mais visada, a "António Cunha e Vaz", estava presente na plateia na pessoa do Sr Rui Pedro Batista. Segundo Carrilho "...houve um conluio que o fez perder Lisboa". Partindo dessa base, foi um vê se te avias de acusações.

- Acusou (no seu livro) o DN, de ter publicado uma crítica ao livro sem o ler. O autor da crítica que estava presente, justificou-se.

Miguel Gaspar (o acusado), referiu que tinha comprado o livro à pouco tempo, não o tinha lido todo (facto esse que mencionou na sua crítica) por falta de tempo. - E eu, LOL LOL LOL -. Também disse (enterrando-se ainda mais), que durante a campanha de M. Carrilho, não "consegiu perceber" o que o mesmo queria fazer por Lx.

Emídio Rangel, chega-se à frente dizendo que "70% das notícias vêm das agências e não da investigação jornalística". Que a veracidade das mesmas não é investigada mas, são publicadas. Devido a este facto, algumas semanas depois "lá vem o desmentido e o pedido de desculpas". - Comento, fazendo minhas as palmas do público e acrescento, força Emídio "tu" lá sabes, pois a SIC deve ter-te dado muita bagagem, para em público fazeres esta afirmação.

Claro que logo de seguida foi posto na mesa, a questão da impunidade dos jornalistas. A solução, segundo E. Rangel, é haver um escrutíneo para acabar com a "podridão". Pois, "esse mundo tenebroso" elegeu o Presidente e o 1º Ministro.

Ouviu-se publicamente frases como: "A PT paga avenças a dezenas de jornalistas que não desempenham as suas funções...", "A PT devia divulgar quem são...", "A PT deve uma explicação ao país..." (autor: E. Rangel). Mas, segundo P. Pereira não é a PT mas sim o governo, quem deve explicações.
Se isto fôr verdade, eu também quero ir para a PT receber uns euros sem nunca lá entrar. Graças a Deus existe sempre uma solução e ei-la que surge através de P. Pereira, "Privatize-se a Comunicação Social".

À frase "...os jornalistas são pouco transparentes..." proferida por E. Rangel, Pacheco responde serenamente: "Mas ó Rangel, voçê sabia disso!! Nós sabemos que o valor não é monetário. As simpatias pessoais de presentes, alegram uma boa notícia e faz com que ela seja torneada e isso é inadmissível". Esta matou-me.

Voltando à António Cunha e Vaz (agência de noticias), o seu representante, só dizia "vamos para tribunal. O Sr M. Carrilho terá que provar em tribunal as afirmações que faz e espero que retire a imunidade parlamentar para tal".
Judite Sousa interpela: " Mas já que aqui está, que comentário faz?"
Resposta: "Não comento, estas coisas resolvem-se nos meios legais para o efeito. Vamos para tribunal".
- Só posso dizer, aguardemos pelas cenas dos próximos episódios. Espero que alguém que conheço, escreva este episódio e lhe dê o seguinte nome: "Anita vai ao Tribunal" ou "Será que Anita retira a imunidade diplomática?"

Afirmações que eu desconhecia (daaaaaaaaaaa!!!): "... Uma frase descontextualizada arrasa qualquer um e a Comunicação Social usa e abusa disso...", "...leal..." palavra que faz parte do código deontológico do jornalista (lido por M. Carrilho) que, ao proferir a mesma, pergunta a R. Costa "conhece esta palavra?".
Pacheco Pereira comparando O Sr Profesor aos Jornalistas que ele no seu livro critica disse..."Carrilho no livro só reconhece os erros mediáticos..."

Em suma, vibrei com o sorriso de M. Carrilho e interpretei-o como o de alguém que pôs o dedo numa ferida completamente infectada. O silêncio que por vezes fazia, transpirava a vitória e ao mesmo tempo, "fixe estou na ribalta novamente. Ó pa mim aqui tão lindo em cima do muro, a ver o estrago que estou a fazer".

O olhar atento e a calma de P. Pereira durante o programa, em conjunto com as várias concordâncias que fez, passando muitas vezes para o lado de Carrilho, ao mesmo tempo que punha no seu lugar J. Sousa dizendo: "...estamos aqui para conversar e não para discutir...se é para vulgarizar o assunto em debate chame outros", fez com que a minha estima pelo Sr aumentasse.

E Ricardo Costa? Achei que no início até se ia safar mas depois, comportou-se como um jornalista generalizando as questões, provocando comentários da parte do seu par de mesa, demonstrando fazer parte dos medianos da sua área. A prova é que conseguiu que aquele que outrora fora seu professor (M. Carrilho), em êxtase completo e furibundo, lhe apontasse o dedo no final do programa e dissesse: "Ricardo Costa, definitivamente, você é o rosto da vergonha do jornalismo". Foi Lindooooo. Ah!!! Carrilho tal como é na verdade. LOL

Unânimidade geral quanto à: falta de trasparência jornalística, podridão que é a comunicação social, falta de veracidade e de investigação jornalística. Que as boas agências e jornalistas que existem, acabam por ser abafados.

Termino atrevendo-me a dizer que, 90% da nossa comunicação social não se encontra "sob o signo da verdade" e a única certeza que tenho neste momento é que, "A Bicha" na ponte no sentido Almada/Lx é real porque já fugi dela e a minha fuga foi patrocinada pela Optimus. O resto? Espero que o Livro de Carrilho tenha mesmo sido escrito "sob o signo da verdade". Vou compra-lo, lê-lo para não fazer parte dos que comentam sem ler.
Rest my case