26 abril 2007

Ó Mãe o que é o Amor



Ó mãe o que é o amor?
O que é esse sentimento sem côr, que trás raiva, despertando em nós
um misto mágoa, pânico, dor e ao mesmo tempo nos tira a voz?

Ó mãe, explica-me onde está, para onde foi, que ninguém vê.
Ouvi que é um mero desconhecido, profissional nas artes da paixão,
mas que antes nos engana, com as parábolas da atracção.

Hoje escrevi à sua ausência, pois ontem cuidei tê-lo visto ali.
Quase que jurava mãe, que o tinha sentido e não sonhado.
Ó mãe, porque me enganou ele? Porque passou agachado.

Ó mãe, o que é esse sentimento que me deixa confusa e louca,
Que me faz correr à chuva, chorar ao pôr do sol, suspirar à lua,
para mais tarde, sentir-me perdida a ponto de correr nua.

Confesso mãe, que o quero encontrar para dizer-lhe ao ouvido,
que dói essa sedução que eu não sei se veio pela sua mão,
ou se é mais um truque, para me manter na ilusão.

Li livros e lá mãe, dizem que “é fogo que arde sem se ver”.
Procura-o, dá-lhe a minha morada, diz-lhe que sei o que perdi,
que já não tenho muros nem castelos, que me perdoe se me escondi.

Ó mãe, diz-me o que é o amor?
Diz-me se são as estrelas que vejo com o seu beijar,
as mãos que fazem vibrar, os dedos que me tocam até suar
ou sé é a língua que me roça, como quem me sabe tocar,
a ponto de me penetrar e elevar-me ao mais puro extase de me fazer chorar.

Ó mãe, diz-lhe onde vivo, que pode vir mesmo sem bater e que desta vez, poderá olhar-me nos olhos que eu o vou saber reconhecer.

24 abril 2007

Ensina-me e Diz-me


Ensina-me a escrever, o que gosto de ler pois não sei como fazer.
Diz-me o significado das palavras, daquelas que gosto e que guardo dentro de mim, como se fossem um tesouro que tenho medo de perder.

Ensina-me a responder o que gosto de ler, mas que não o faço por vergonha de quem lê.
Diz-me onde procurar as palavras que vejo escritas no vento, mas que nao consigo agarrar pois, de tão depressa que passam, quase não as consigo recordar, nem roubar.

Ensina-me a ler os grandes escritores, a perceber o que escrevem para mais tarde, tal como eles, eu possa também ser entendida.
Diz-me o que tenho de fazer para te conseguir ler e mais tarde, diz-me como te hei-de escrever, para que nunca tenhas vergonha de me responder.

Ensina-me a andar por estes meandros da palavra, onde todos nadam sem se afundar e sem medo, de poder vir a naufragar.
Diz-me onde passa esse barco pois quero-o apanhar e tal como eles, eu não tenho medo de afundar mas, talvez de naufragar.

Ensina-me a curva do P, o contorno do A, a linha do L, e se eu não conseguir, desenha para que eu aprenda novamente, aquela que chamam de A.
Diz-me nem que seja baixinho, onde acaba o vertice do V, canta-me o som do R e se vires que não aprendi, não digas que sou burra, volta simplesmente ao A.

Ensina-me, pois tenho medo de me perder, no tanto que tenho de aprender. Não me abandones quando eu abraçar, essa caminhada longa que é o escrever. Depois, depois diz-me mas diz-me baixinho, se vês em mim a felicidade de quem te acabou de escrever, PALAVRA por PALAVRA.

Ensina-me e Diz-me se te deu prazer ler-te e ler-me, numa dimensão que só tu sabes dizer e só eu sei descrever mas, diz-me sem receio, sem amarras ou preconceito. Não digas só por dizer, pois eu não escrevi só por escrever. Se não souberes, diz-me, que na minha ignorância de eu não saber, talvez te ensine como dizer. Isso eu sei fazer, só não sei é como escrever, para que possam entender.

Diz-me...Ensina-me...

23 abril 2007

Espera... Um recado


Espera que o sol nasça, que a lua se ponha,
acalma essa tua ânsia, reinventa a paciência,
parte nessa viagem, leva a tua ciência,
engana o imprevisto e volteia a vergonha.


Acalma esse ímpeto que te nasce da espera,
respira o vento que arrefece e te queima a face,
nesse palco és artista crias a cena e o volte-face,
questiona o talvez o quem dera e espera.


Espera. Não voes tão alto, plana.
Deixa entrar a mudança,
vive-a como se fosse uma dança,
descansa que essa loucura não é insana.


Vai. Embarca nessa aventura, muda o teu rumo,
nada sem medo no mar que te faz homem,
leva o prato do amor onde nem todos comem,
Leva-me na lembrança desse fogo sem fumo.


Espera a cama vazia, as noites escaldantes,
a solidão, a tristeza entre sorrisos,
o silencio que teima em passar pelos frisos,
leva na mala, os jogos de sedução estonteantes.


Não questiones a MUDANÇA.
Embarca, tripula o teu barco, esquece o MEDO,
usa a PACIÊNCIA, ama-te em segredo,
o tempo é teu aliado, a tempestade a tua bonança.


VAI mas LEVA-ME -ME NA LEMBRANÇA.
Alimenta-me com calor, guarda-me no banco das memórias,
mantem o PRATO limpo, o TEU rol de glórias,
irei ver-te, ouvir-te quem sabe ajudar-TE nessa dança.
ESPERA...

12 abril 2007

Guardo...


Guardo a tua passagem por mim,
não porque queira chorar,
mas porque a quero lembrar.
Quero ter o privilégio de fechar os olhos e
sempre que queira, ver o teu sorriso,
sentir sempre que me apeteça, o calor das tuas mãos.

As lutas que travamos,
na mais pura infantilidade,
sem que isso me traga mágoa ou dor
mas, simplesmente o sentir, a saudade.

Guardo os momentos pintados de azul,
as palavras que se tornaram nossas,
o sonho a três, o não dito com carinho,
a magia o silêncio a luta das conversas.

Guardo porque não trás dor.
Agora tenho a certeza, que guardo
o que me completou no mais puro momento,
e ainda completa na inconstância do tempo.

Guardo a esperança, a volta,
os temperos, a noite solta,
o fim do filme, a tarde no tapete,
para aí poder dizer, guardei-te.

Guardo esquecendo a vergonha,
ouvindo o que possas dizer ou pensar.
Guardo para mim e para te ajudar a lutar,
para beber e depois sonhar.

Guardo, o perfeito o imperfeito,
Invejo o passado completo o presente.
Na incerteza do"talvez" daquele que sente
Guardo o tempo enfim, a magia do teu feito.

Rest my case