
Ó mãe o que é o amor?
um misto mágoa, pânico, dor e ao mesmo tempo nos tira a voz?
Ó mãe, explica-me onde está, para onde foi, que ninguém vê.
Ouvi que é um mero desconhecido, profissional nas artes da paixão,
mas que antes nos engana, com as parábolas da atracção.
Hoje escrevi à sua ausência, pois ontem cuidei tê-lo visto ali.
Quase que jurava mãe, que o tinha sentido e não sonhado.
Ó mãe, porque me enganou ele? Porque passou agachado.
Ó mãe, o que é esse sentimento que me deixa confusa e louca,
Que me faz correr à chuva, chorar ao pôr do sol, suspirar à lua,
para mais tarde, sentir-me perdida a ponto de correr nua.
Confesso mãe, que o quero encontrar para dizer-lhe ao ouvido,
que dói essa sedução que eu não sei se veio pela sua mão,
ou se é mais um truque, para me manter na ilusão.
Li livros e lá mãe, dizem que “é fogo que arde sem se ver”.
Procura-o, dá-lhe a minha morada, diz-lhe que sei o que perdi,
que já não tenho muros nem castelos, que me perdoe se me escondi.
Ó mãe, diz-me o que é o amor?
Diz-me se são as estrelas que vejo com o seu beijar,
as mãos que fazem vibrar, os dedos que me tocam até suar
ou sé é a língua que me roça, como quem me sabe tocar,
a ponto de me penetrar e elevar-me ao mais puro extase de me fazer chorar.
Ó mãe, diz-lhe onde vivo, que pode vir mesmo sem bater e que desta vez, poderá olhar-me nos olhos que eu o vou saber reconhecer.