24 abril 2007

Ensina-me e Diz-me


Ensina-me a escrever, o que gosto de ler pois não sei como fazer.
Diz-me o significado das palavras, daquelas que gosto e que guardo dentro de mim, como se fossem um tesouro que tenho medo de perder.

Ensina-me a responder o que gosto de ler, mas que não o faço por vergonha de quem lê.
Diz-me onde procurar as palavras que vejo escritas no vento, mas que nao consigo agarrar pois, de tão depressa que passam, quase não as consigo recordar, nem roubar.

Ensina-me a ler os grandes escritores, a perceber o que escrevem para mais tarde, tal como eles, eu possa também ser entendida.
Diz-me o que tenho de fazer para te conseguir ler e mais tarde, diz-me como te hei-de escrever, para que nunca tenhas vergonha de me responder.

Ensina-me a andar por estes meandros da palavra, onde todos nadam sem se afundar e sem medo, de poder vir a naufragar.
Diz-me onde passa esse barco pois quero-o apanhar e tal como eles, eu não tenho medo de afundar mas, talvez de naufragar.

Ensina-me a curva do P, o contorno do A, a linha do L, e se eu não conseguir, desenha para que eu aprenda novamente, aquela que chamam de A.
Diz-me nem que seja baixinho, onde acaba o vertice do V, canta-me o som do R e se vires que não aprendi, não digas que sou burra, volta simplesmente ao A.

Ensina-me, pois tenho medo de me perder, no tanto que tenho de aprender. Não me abandones quando eu abraçar, essa caminhada longa que é o escrever. Depois, depois diz-me mas diz-me baixinho, se vês em mim a felicidade de quem te acabou de escrever, PALAVRA por PALAVRA.

Ensina-me e Diz-me se te deu prazer ler-te e ler-me, numa dimensão que só tu sabes dizer e só eu sei descrever mas, diz-me sem receio, sem amarras ou preconceito. Não digas só por dizer, pois eu não escrevi só por escrever. Se não souberes, diz-me, que na minha ignorância de eu não saber, talvez te ensine como dizer. Isso eu sei fazer, só não sei é como escrever, para que possam entender.

Diz-me...Ensina-me...

13 comentários:

Anónimo disse...

Fiquei sem PALAVRAS, com um ligeiro arrepio pela pele do meu corpo.
Vais em crescendo.
Simplesmente...
... arrepiante.

Parabéns Helena, do
Paulo

Pedro Branco disse...

Como se pode ensinar alguém a olhar para dentro? A gostar de olhar para dentro? A gritar bem alto o que está lá dentro? A pintar a ternura de dentro? A riscar a raiva lá dentro? Cá para fora. Para todos sabermos que afinal, dentro dela, existe... ela. Abençoada sejas, Lena!

sonhadora disse...

Hoje fazes parte dos meus sonhos. E de cá não sáirás.
Beijinhos embrulhados em abraços

A.S. disse...

Escrever para quê, quando as palavras estão tão perto!!!


Um beijo!

Agharti disse...

Lindo texto e de grande profundidade.
Parabéns.

*SP Sentimento Puro disse...

Obrigada pela visita :)

"Aquele palco não é o palco do mundo...é a minha vida...o meu sentir no instante que tenho que dividir-me em duas, tres,mil em mim"

Muito gostei do teu escrito...e aqui peço-te: "Ensina-me a escrever"...humildemente...
beijo-te minha querida,

Vladimir disse...

muito profundo, quase tudo resulta do ler e escrever, e do saber fazer bem...

sonhadora disse...

bom feriado.
Beijinhos embrulhados em abraços.

Brain disse...

Helena,

Adorei os teus textos.

Obrigado pele tua visita e comentário lá deixado que me permitiu descobrir este teu canto.

Gostei.
Voltarei.

Beijo.

Verdades disse...

Cada vez sinto mais prazer em visitar esta página.
Realmente, é como diz o Paulo, nota-se o crescimento de dia para dia.

Parabéns

Maria José disse...

Na minha ignorância, só posso dizer que estás diferente e para melhor.

Palavra por palavra, quem és? que te aconteceu? onde estiveste? porque te escondeste? será que te conheço? Que paixão é essa?

Parabéns

Bjos

Phil's Studio disse...

Deu-me muito prazer ler-te...
Muito.

Unknown disse...

Pura Adrenalina e Loucura Aquilo que de Verdadeiro e Real te vai na Alma.

Ler-te é descobrir-te. Escrever-te é deliciar-me. Ensinar-te é ... impossível!

Um deleite!