A força dessa vontade era tanta que de uma forma avassaladora, levou consigo os abrigos dos que nele cuspiram, conspurcaram, mudaram o seu rumo, criaram barreiras. A raiva fora tanta, que nem se apercebeu que no meio da devassidão criada, o justo também tinha pago. Aí, chorou pela sua falta de coerência e as suas lágrimas formaram pequenos ribeiros, que se afastaram de si, traçando eles próprios o seu rumo. Talvez se encontrem num mar qualquer.
Não conseguindo esquecer o passado, secou e por uns tempos ficou escondido. Vieram as rezas, as oferendas, as juras e debaixo da terra já em sulcos, ele ouvia-os. A notícia de que ele deixara de ter forças para correr propagou-se e como que por milagre, um pequeno fio desceu ao seu encontro, percorrendo-o levemente. Durante a passagem, apercebeu-se que ele tinha sido a última lágrima derramada. Aos poucos subiu à superfície e calmamente iniciou a sua caminhada. Desta vez, de uma forma calma e pacífica.
De vez em quando o rio volta ao seu interior para meditar e reconstruir se necessário for o seu rumo. Aceitou que por vezes, a solução não está em voltar atrás e que mesmo ele, por vezes, tem de contornar os obstáculos para atingir um objectivo.